quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Cegos Pelo Desejo de Enxergar

Entre quatro paredes, ou na relação de duas mentes,
O que acontece só importa pra gente,
Cada um com a sua liberdade, claro,
Mas por metade da história eu também pago.

Se eu quisesse realmente me expor para o mundo,
Não pouparia marketing pessoal nem por um segundo,
Sou cônscio porém, de que somente parecer,
É a mesma coisa que não ser ninguém.

Poderia gastar com você, palavras então,
Argumentando como a exposição, pode ser em vão,
Ao custo de muita energia,
Que não me traria nenhuma alegria.

Preso na ausência da minha liberdade,
Perco a chance de saciar qualquer saudade,
Redundante como fugir sem sair da cidade,
Esta pouca idade então, me faz pensar que isto é só um furacão.

A raiva se ausenta enquanto me encontro perdido,
Movido quase tão somente pela empatia,
Suas palavras querem me mostrar que a vida é um livro,
Com uma história que não há tempo pra ser lida.

Não há qualquer razão para permanecer aqui,
Somente alguns egoísmos pessoais, e análises verbais,
Observando como todas as conquistas se tornam banais,
Quando o seu desespero, te impede de simplesmente "ouvir".

Ao mesmo tempo que a porta da casa é deixada aberta,
A velocidade e a ânsia de encontrar o sentido que o mundo diz ser correto,
Dão a medida certa na fórmula do caos e da instabilidade,
Afinal, quem dita o que na nossa vida é bom ou incerto?

É inevitável porém, que de ações em ações, dizemos que o tempo passa,
Caso ele não exista, só podemos medir a vida como ela é "gasta",

Ainda faço parte de metade das relações e dos encontros,

Mas a partir de hoje, já não me importo em não estar sempre pronto.




 Data perdida entre os anos de 2017 e 2018

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Mais uma vez,  quase um ano desde a última postagem. 
O mais importante é o tempo de editar algo e postar, é este tempo que perdi.
Me sinto bem pelo fato de que apesar das turbulências na minha vida e no mundo em geral, ainda tenho muito o que escrever.
Talvez a sociedade nos deixe menos empáticos com o tempo.
Tive que apelar pra trilha sonora do O.C. pra editar este, realmente a arte é linda.

Hide and Seek - Imogen Heap

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Lembranças Desnaturais

Vagarosamente os rostos se apagam, mesmo que nem sempre tenham sido desenhados,
As músicas se transformaram, e agora retratam sorrisos concretizados,
O concreto das cidades é o problema, a humanidade do coração a solução,
O tempo sem existir, "passa", mas nem sempre em vão.

Nem todos quebra-cabeças serão montados, nem todos mistérios solucionados,
Talvez este desejo nem nos ocorra, ou nem ocorre o desejo de novas escolhas,
A cada dia, três notícias para sua apatia, e nem meia para a alegria.

Pressupondo que a maior parte das coisas permanece existindo,
Com consciência ou não, a terra se mantém em sintonia,
Enquanto os homo sapiens discutem quem está melhor munido,
A natureza por si, jamais contribuiu para a sua insônia.

Queria deixar meu coração tão natural quando de fato é,
Mas levanto antes de meu corpo, com angústias inventadas, para trabalhos organizados,
Digo que ajudo necessitados, mas não porque andam a pé,
E sim porque não tem as mesmas angústias, que todos os assalariados.

Volto as vistas para a moralidade, argumento sobre a evolução,
Digo que é bom que o ser cresça, floresça, que ironia falar agora de natureza,
Me deparo então, com a falta de solução,
E o que antes eram problemas sociais, me trazem de volta para meus próprios problemas morais.

Quem é Deus nisso tudo? quem sou eu neste mundo?
Amar sempre foi simples, o impedimento é viver,
Me deixam amar somente se eu puder comprar,
Comprar tudo aquilo que me falta, tudo que me torna menos "humano".

No turbilhão de tudo isso, deixo de falar de nós,
E se apagam lentamente as histórias que não foram escritas,
Me esforço para lembrar dos primeiros encontros e sorrisos, poucos ligam pra isso.

Assim nos aproximamos mais de quem está ao alcance de um abraço,
Desfazendo antigos laços, que se prendem agora em memórias apagadas, e fotos não reveladas,
A favor do natural, vou contra minhas capacidades,
Se me obrigam a fotografar, vou me esforçar para relembrar.


Escrito em 18/10/2018
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Adoro fotografia, não é uma crítica a profissão, só ao Ser Humano mesmo.
Momento político é estranho para escrever, parece que tudo vai até este tipo de discussão,
Parece que vai sendo direcionado para o 8 ou 80, pensamento simplista, sempre deixando a culpa cair convenientemente nas cabeças dos menos preparados, ou menos bem pagos. Hoje em dia é quase a mesma coisa.



terça-feira, 19 de março de 2019

Que ódio é este?

Enquanto o que for dito perfurar os corpos enfraquecidos,
De forma odiosa, um sentimento escondido,
Reproduzimos todos erros, de amores ou inimigos,
Ao fim desta existência, qual o sentido do ódio?
Do que me defendo arrancando do outro os olhos?

Se há diferença entre decepar-lhe a cabeça, ou sangrar a alma,
Se esvai o sentido criado humanamente, mas ninguém o salva.
Permanecemos morrendo, como se minha vida não tocasse outra vida,
De forma egoísta sem qualquer saída.

O próprio ódio me faz odiá-lo, e não quero diálogo.
Me exprimo expurgando como vassalo,
Sem afirmar com o óbvio, me apaixono por minha morte,
Não preciso do que está fora, o ambiente pouco importa,
Que sequem os rios, risquem os céus, só há o agora.

Perdido entre afirmações precipitadas, nego a realidade,
Como se fosse o criador independente de um lugar para existir,
Independente de vontades alheias, acima de verdades,
Esquecendo de que o mundo não é só o meu amigo,
Novamente: Qual o sentido do ódio?
Qual minha resposta frente ao seu ódio?

Diversas perguntas para pouco tempo de digestão,
Apesar de estarmos em um mesmo momento no tempo,
Alguns preferem odiar, do que dar seu próprio coração,
E crianças brincam de matar, como se fosse apenas um experimento.

Procuramos culpar a todo este universo que nos é externo,
Enquanto que a falta de esperança deveria ser o foco,
Independente de acharmos que a terra sim é o inferno,
Não há certeza nem direito, sobre fatos e dias piores,
E estamos ainda, falando somente das nossas experiências pessoais.

E que deixem os meninos jogarem, e que joguem também os pais,
Se a sabedoria fosse vertical, cuidaríamos da natureza, como fazem os animais.
Mas sob uma idéia ingênua, compartilho o ódio pela falta de amor,
E de que adianta a vida se é só violência o que consigo supor?

Não há solução em colocar em categorias más e ruins,
Tudo que existe, taxado entre começo meio e fim,
Mas gostaria poder afirmar, que o mundo ainda não entendeu,
Que a pior patologia, é não crer que o outro pode ser melhor que eu.

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Agora sim, 1 ano e 4 meses desde a última postagem!
Ainda há muito material pra digitalizar, mas como disse da última vez, 
tudo depende muito do quão tranquila está minha vida para esta tarefa.
Espero que possa voltar.

É difícil não pensar sobre política atualmente, mas espero
que tenha expressado algumas concepções sobre o ódio. 
Desistir não é só uma opção, mas sim o fim de todas as outras.

(Sem música, foi feito em um ambiente hostil onde os sons eram apenas pessoas exaltadas)


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Amarras



A chance de conhecer uma existência importante,
É como o prazer da risada em uma boa piada,
Existe a possibilidade, mas se for bom, será de repente,
Nunca sabemos se alguém nos trará algo diferente.

E não adianta Lei de Murphy, fé na cabala ou sorte nos búzios,
Estamos muito ocupados nos lembrando dos vários “abusos”,
A beleza de um cometa é inesperada, rápida aos olhos,
Mas fica na memória talvez de modo simplório,
O tempo? passa bem, agradeçamos ao relógio.

Algumas “amarras” são feitas de liberdade,
Nos “prendem” simplesmente porque deixam saudade,
Por pouco nos fazem esquecer da realidade,
A vida parece ser ideal, nos esquecemos da verdade.

Quando gastamos pouca energia para ser algo,
Sobra energia para viver de fato,
Talvez até algum tempo pra se concentrar no tato,
E lembrar que prazer não é só ter um orgasmo.

Sem pretensão de trazer a fé para o racional,
Crer no futuro não é necessário, mas sim opcional,
Não há maneira de estar preparado para sorrir afinal,
E sorrimos quando as situações inesperadas são sem igual.

Se o intuito fosse colocar em termos normais,
Seria necessário dizer que gostamos do caos,
Não importando consequências ou quaisquer gastos,
Mas passamos a vida perseguindo e adorando nossos iguais.

Aos poucos fica claro, que as amarras que nos prendem,
Nem sempre são visíveis, há casos que elas ainda nem existem,
Estamos nos embrenhando, afim de não mais sair,
Presos ao lado de coisas e pessoas, que queremos aqui.

E há quem queira estar livre de toda e qualquer coisa,
Amarrando-se assim em sua própria concepção,
Afinal é mais cômodo estar em um nó atado por si mesmo,
Do que a agonia de estar preso, em uma desconhecida escuridão.

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Agora faz por volta de 10 meses desde a última postagem, gostaria de escrever mais, porém sei que ainda não é a hora de voltar a me dedicar a uma tarefa que exige tranquilidade.
Este poema não é uma crítica sobre as relações, é apenas uma opnião geral, não discordo de Bauman, mas se todas as relações são liquidas, não estaríamos nos amarrando a este tipo de visão de mundo?



 Underoath - Casting Such A thin Shadow

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Quietude



Hoje eu não quis me mover, fiquei deitado,
Fechei os olhos para não pensar em você, estava cansado,
Muitas palavras alheias, e aqui quieto eu sei,
Que tentar não errar, é errar também.

Descanso a mente enquanto vejo o esforço do corpo,
Pensar diferente é liberdade, e não ser louco,
Na maioria das vezes ouço apenas reclamações,
E eu só queria ficar quieto, ouvindo nossos corações.

Ser um parasita ou simbionte não traz muito ao hospedeiro,
E o dia inteiro penso como argumento certeiro,
Que se preciso me agregar, prefiro sofrer primeiro,
Tristeza neste caso, não é opção, mas efeito.

Dizem que não conseguimos viver sozinhos,
Que ninguém anda sem outrem mostrar algum caminho,
Mas aqui deitado e quieto, é possível ver,
Que é apenas uma mesma história, contada outra vez.

Não há frio mesmo que eu não me mova,
Há calor suficiente, para querer que tudo exploda,
Ainda quieto, estou cansado para desejar qualquer coisa,
Nestes segundos parado, muitas memórias ecoam.

Com um banho gelado, um ventilador ao lado,
Ainda está quente, mesmo com tudo afastado,
Já ouvi que de tudo pode se tirar um aprendizado,
Pressupondo que há sempre algo certo ou errado,

Me coloco em algum dos “lados”, observando qualquer estrago,
Mas vejo perdas, baixas, não casualidades,
A todo tempo poderíamos ter escolhido nossas verdades.
Ainda quieto, gostaria que este momento fosse realmente estático.

Quietude pode ser repouso, recuperar alguma energia,
Nem todos tem motivos para viver todos os dias,
De qualquer forma minha existência não influência se o mundo gira,
Então permaneço quieto, até voltar a gastar energia com a minha própria vida.

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O que está escrito aqui, representa uma parte de mim que começou a uns cinco anos atrás, com o tempo ela ficou menor, ou melhor, manteve-se somente o essencial, talvez seja isso que nos deveríamos aprender a manter das coisas que aprendemos com outras pessoas, o que é principal, o que se encaixa nas nossas vidas.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Atenção


Ouvi atento ao discurso eloquente, de pessoas diferentes,
Até este momento atenção era ser inteligente,
E do reforço social nasceu alguém que sem se atentar é atento,
Refletir foi se tornando conseqüência deste movimento.

Como a maioria, julguei quem entrega sua atenção sem custos,
Achava que os “honorários” deveriam ser explícitos,
Como se o mundo todo tivesse a obrigação de ceder aos meus gostos,
E que eu já pudesse atender a todos estes quesitos.

Como poucas pessoas, refleti sobre meu próprio contrário,
Sobre o que eu jamais faria, sobre quem eu jamais seria,
Dentro desta aparente idealização, fui chamado de visionário,
Mas assim compreendi pessoas que eu nunca pensei que amaria.

Como ninguém, realizei tentativas de ser quem só eu posso,
Hoje me atento aos olhares, aos discursos e até a piadas mal contadas,
Cada momento é um ensinamento, e eu sempre torço,
Para encontrar pessoas que me deixem dedicar esta atenção concentrada.

Na tentativa de analisar atentamente e aprender com as pessoas,
Me esqueci que a atenção é algo incrivelmente raro atualmente,
Não esta atenção comum, não ouvir o que ecoa, pensando em coisas atoa,
Mas ouvir de presente, ouvir verdadeiramente.

Agora o mundo me diz que há importância na atenção que dou,
Que ela não serve só para crescer, se entristecer ou pensar,
Mas que posso viver com poucos verbos, e ser quem eu sou,
Ainda há pessoas que querem “conversar”, se aproximar, ou só “estar”.

Sem colocar isto como paradoxo, escrever é dar atenção ao próximo,
Minhas palavras já foram ouvidas, não retiro palavras do vácuo,
Atento a palavras, pude ouvir que minha atenção faz bem,
E perceber que se sou atento, gosto de atenção também.


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Meio ano desde a última postagem no blog, foram tempos sem tempo mas a maior parte está registrada e pretendo voltar a postar.
Acho que este poema representa meu cansaço ou preguiça de dar seguimento nas coisas que eu não posso fazer mais da mesma forma que fazia antes, mas tudo muda e somos completamente capazes de nos adaptar, então vou tentar da melhor maneira possível voltar a postar.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mistério

Quanto do tempo é dedicado ao mistério?
Todos dizem que o devagar é sério,
Mas não explicam com argumentos reais,
Espero que pausar as pessoas  não dê resultados banais.

Sei de efeitos positivos, de não contar-lhe o que sinto,
Mas não importa o que “role”, não quero o controle,
De te impressionar com algo que não existe,
Utilizar algo idealizado pode ser muito triste.

Se há formula para a receita da vida,
Não compro os ingredientes, nem leio as instruções,
Deixo que até a ingenuidade me mostre a saída,
E nem ligo de gostar de vários corações.

Acho que sei que acho,
Que gosto de você, mas não de cima abaixo,
Talvez esteja com a idéia errada,
Mas tenho certeza da minha maior defesa,
Não ligar para nada.

Quem dera poder te tocar lentamente,
Próximo do seu ser com pouco gasto de energia,
Extrair de você quase totalmente,
A energia que resultaria da gente.

Não posso distrair os estímulos ao meu redor,
Só queria te dizer qualquer coisa sobre um erro anterior,
Que sempre se repete, e não sei por que é reforçador,
Talvez seja melhor falar de amar, e não de amor.

Tão irônico romantizar o inefetivo,
Romantizar minha própria covardia,
Deixar no papel esta vida que eu não vivo,
Talvez eu não queira ser feliz, quem diria!

Por alguns momentos a percepção mal percebe,
Na velocidade desta música, ou da mão que escreve,
Cada batida some tão rápido quanto,
Suponho quem seja você, mas ouço o que você descreve.

Em uma troca de papéis, eu de você correria de mim,
As palavras são sinceras não preciso de mistério,
No entanto te garanto que nunca verá nada assim,
Onde te deixar saber é grande parte do que eu quero.

Disse que não há receita, mas sigo algo,
E por mais confuso que pareça, há o que sempre trago,
Se não é fumaça é algo que causa ainda mais estrago,
A vontade de com tantas incertezas, manter alguém do meu lado.

Nos fazem pensar que amar é ter “propriedade”,
Sequer pensamos o que significa possuir,
Não me admira o espanto da sociedade,
Com quem vai por outro caminho, ou tenta sumir,
Sempre espero, que estas varáveis não me impeçam de agir.

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Sociedade, preconceito, expectativas, modelos e maneiras de existir. Muitos assuntos pra um poema tão compacto.
Gostaria de falar de como somos acostumados a criar um mistério para os outros, e cremos tanto no nosso idealismo em relação à outra pessoa (seria acreditar que as pessoas tem um mistério também), mas não consegui falar nada disso no poema, então vai ficar no ar.

O fato é que faz algum tempo que estou tentando viver sem criar nem esperar este tipo de coisa, afinal pra que criar algo que não sou se um dia as pessoas vão necessariamente me conhecer de verdade? Melhor gastar energia em coisas que posso ser.