quarta-feira, 10 de abril de 2019

Lembranças Desnaturais

Vagarosamente os rostos se apagam, mesmo que nem sempre tenham sido desenhados,
As músicas se transformaram, e agora retratam sorrisos concretizados,
O concreto das cidades é o problema, a humanidade do coração a solução,
O tempo sem existir, "passa", mas nem sempre em vão.

Nem todos quebra-cabeças serão montados, nem todos mistérios solucionados,
Talvez este desejo nem nos ocorra, ou nem ocorre o desejo de novas escolhas,
A cada dia, três notícias para sua apatia, e nem meia para a alegria.

Pressupondo que a maior parte das coisas permanece existindo,
Com consciência ou não, a terra se mantém em sintonia,
Enquanto os homo sapiens discutem quem está melhor munido,
A natureza por si, jamais contribuiu para a sua insônia.

Queria deixar meu coração tão natural quando de fato é,
Mas levanto antes de meu corpo, com angústias inventadas, para trabalhos organizados,
Digo que ajudo necessitados, mas não porque andam a pé,
E sim porque não tem as mesmas angústias, que todos os assalariados.

Volto as vistas para a moralidade, argumento sobre a evolução,
Digo que é bom que o ser cresça, floresça, que ironia falar agora de natureza,
Me deparo então, com a falta de solução,
E o que antes eram problemas sociais, me trazem de volta para meus próprios problemas morais.

Quem é Deus nisso tudo? quem sou eu neste mundo?
Amar sempre foi simples, o impedimento é viver,
Me deixam amar somente se eu puder comprar,
Comprar tudo aquilo que me falta, tudo que me torna menos "humano".

No turbilhão de tudo isso, deixo de falar de nós,
E se apagam lentamente as histórias que não foram escritas,
Me esforço para lembrar dos primeiros encontros e sorrisos, poucos ligam pra isso.

Assim nos aproximamos mais de quem está ao alcance de um abraço,
Desfazendo antigos laços, que se prendem agora em memórias apagadas, e fotos não reveladas,
A favor do natural, vou contra minhas capacidades,
Se me obrigam a fotografar, vou me esforçar para relembrar.


Escrito em 18/10/2018
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Adoro fotografia, não é uma crítica a profissão, só ao Ser Humano mesmo.
Momento político é estranho para escrever, parece que tudo vai até este tipo de discussão,
Parece que vai sendo direcionado para o 8 ou 80, pensamento simplista, sempre deixando a culpa cair convenientemente nas cabeças dos menos preparados, ou menos bem pagos. Hoje em dia é quase a mesma coisa.



terça-feira, 19 de março de 2019

Que ódio é este?

Enquanto o que for dito perfurar os corpos enfraquecidos,
De forma odiosa, um sentimento escondido,
Reproduzimos todos erros, de amores ou inimigos,
Ao fim desta existência, qual o sentido do ódio?
Do que me defendo arrancando do outro os olhos?

Se há diferença entre decepar-lhe a cabeça, ou sangrar a alma,
Se esvai o sentido criado humanamente, mas ninguém o salva.
Permanecemos morrendo, como se minha vida não tocasse outra vida,
De forma egoísta sem qualquer saída.

O próprio ódio me faz odiá-lo, e não quero diálogo.
Me exprimo expurgando como vassalo,
Sem afirmar com o óbvio, me apaixono por minha morte,
Não preciso do que está fora, o ambiente pouco importa,
Que sequem os rios, risquem os céus, só há o agora.

Perdido entre afirmações precipitadas, nego a realidade,
Como se fosse o criador independente de um lugar para existir,
Independente de vontades alheias, acima de verdades,
Esquecendo de que o mundo não é só o meu amigo,
Novamente: Qual o sentido do ódio?
Qual minha resposta frente ao seu ódio?

Diversas perguntas para pouco tempo de digestão,
Apesar de estarmos em um mesmo momento no tempo,
Alguns preferem odiar, do que dar seu próprio coração,
E crianças brincam de matar, como se fosse apenas um experimento.

Procuramos culpar a todo este universo que nos é externo,
Enquanto que a falta de esperança deveria ser o foco,
Independente de acharmos que a terra sim é o inferno,
Não há certeza nem direito, sobre fatos e dias piores,
E estamos ainda, falando somente das nossas experiências pessoais.

E que deixem os meninos jogarem, e que joguem também os pais,
Se a sabedoria fosse vertical, cuidaríamos da natureza, como fazem os animais.
Mas sob uma idéia ingênua, compartilho o ódio pela falta de amor,
E de que adianta a vida se é só violência o que consigo supor?

Não há solução em colocar em categorias más e ruins,
Tudo que existe, taxado entre começo meio e fim,
Mas gostaria poder afirmar, que o mundo ainda não entendeu,
Que a pior patologia, é não crer que o outro pode ser melhor que eu.

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Agora sim, 1 ano e 4 meses desde a última postagem!
Ainda há muito material pra digitalizar, mas como disse da última vez, 
tudo depende muito do quão tranquila está minha vida para esta tarefa.
Espero que possa voltar.

É difícil não pensar sobre política atualmente, mas espero
que tenha expressado algumas concepções sobre o ódio. 
Desistir não é só uma opção, mas sim o fim de todas as outras.

(Sem música, foi feito em um ambiente hostil onde os sons eram apenas pessoas exaltadas)