terça-feira, 19 de março de 2019

Que ódio é este?

Enquanto o que for dito perfurar os corpos enfraquecidos,
De forma odiosa, um sentimento escondido,
Reproduzimos todos erros, de amores ou inimigos,
Ao fim desta existência, qual o sentido do ódio?
Do que me defendo arrancando do outro os olhos?

Se há diferença entre decepar-lhe a cabeça, ou sangrar a alma,
Se esvai o sentido criado humanamente, mas ninguém o salva.
Permanecemos morrendo, como se minha vida não tocasse outra vida,
De forma egoísta sem qualquer saída.

O próprio ódio me faz odiá-lo, e não quero diálogo.
Me exprimo expurgando como vassalo,
Sem afirmar com o óbvio, me apaixono por minha morte,
Não preciso do que está fora, o ambiente pouco importa,
Que sequem os rios, risquem os céus, só há o agora.

Perdido entre afirmações precipitadas, nego a realidade,
Como se fosse o criador independente de um lugar para existir,
Independente de vontades alheias, acima de verdades,
Esquecendo de que o mundo não é só o meu amigo,
Novamente: Qual o sentido do ódio?
Qual minha resposta frente ao seu ódio?

Diversas perguntas para pouco tempo de digestão,
Apesar de estarmos em um mesmo momento no tempo,
Alguns preferem odiar, do que dar seu próprio coração,
E crianças brincam de matar, como se fosse apenas um experimento.

Procuramos culpar a todo este universo que nos é externo,
Enquanto que a falta de esperança deveria ser o foco,
Independente de acharmos que a terra sim é o inferno,
Não há certeza nem direito, sobre fatos e dias piores,
E estamos ainda, falando somente das nossas experiências pessoais.

E que deixem os meninos jogarem, e que joguem também os pais,
Se a sabedoria fosse vertical, cuidaríamos da natureza, como fazem os animais.
Mas sob uma idéia ingênua, compartilho o ódio pela falta de amor,
E de que adianta a vida se é só violência o que consigo supor?

Não há solução em colocar em categorias más e ruins,
Tudo que existe, taxado entre começo meio e fim,
Mas gostaria poder afirmar, que o mundo ainda não entendeu,
Que a pior patologia, é não crer que o outro pode ser melhor que eu.

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Agora sim, 1 ano e 4 meses desde a última postagem!
Ainda há muito material pra digitalizar, mas como disse da última vez, 
tudo depende muito do quão tranquila está minha vida para esta tarefa.
Espero que possa voltar.

É difícil não pensar sobre política atualmente, mas espero
que tenha expressado algumas concepções sobre o ódio. 
Desistir não é só uma opção, mas sim o fim de todas as outras.

(Sem música, foi feito em um ambiente hostil onde os sons eram apenas pessoas exaltadas)


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