Enquanto o que for dito perfurar os
corpos enfraquecidos,
De forma odiosa, um sentimento
escondido,
Reproduzimos todos erros, de amores
ou inimigos,
Ao fim desta existência, qual o
sentido do ódio?
Do que me defendo arrancando do
outro os olhos?
Se há diferença entre decepar-lhe a
cabeça, ou sangrar a alma,
Se esvai o sentido criado
humanamente, mas ninguém o salva.
Permanecemos morrendo, como se
minha vida não tocasse outra vida,
De forma egoísta sem qualquer
saída.
O próprio ódio me faz odiá-lo, e
não quero diálogo.
Me exprimo expurgando como vassalo,
Sem afirmar com o óbvio, me
apaixono por minha morte,
Não preciso do que está fora, o
ambiente pouco importa,
Que sequem os rios, risquem os
céus, só há o agora.
Perdido entre afirmações precipitadas,
nego a realidade,
Como se fosse o criador
independente de um lugar para existir,
Independente de vontades alheias,
acima de verdades,
Esquecendo de que o mundo não é só
o meu amigo,
Novamente: Qual o sentido do ódio?
Qual minha resposta frente ao seu
ódio?
Diversas perguntas para pouco tempo
de digestão,
Apesar de estarmos em um mesmo
momento no tempo,
Alguns preferem odiar, do que dar
seu próprio coração,
E crianças brincam de matar, como
se fosse apenas um experimento.
Procuramos culpar a todo este
universo que nos é externo,
Enquanto que a falta de esperança
deveria ser o foco,
Independente de acharmos que a
terra sim é o inferno,
Não há certeza nem direito, sobre
fatos e dias piores,
E estamos ainda, falando somente das
nossas experiências pessoais.
E que deixem os meninos jogarem, e
que joguem também os pais,
Se a sabedoria fosse vertical,
cuidaríamos da natureza, como fazem os animais.
Mas sob uma idéia ingênua,
compartilho o ódio pela falta de amor,
E de que adianta a vida se é só
violência o que consigo supor?
Não há solução em colocar em
categorias más e ruins,
Tudo que existe, taxado entre
começo meio e fim,
Mas gostaria poder afirmar, que o
mundo ainda não entendeu,
Que a pior patologia, é não crer
que o outro pode ser melhor que eu.
_________________
Agora sim, 1 ano e 4 meses desde a última postagem!
Ainda há muito material pra digitalizar, mas como disse da última vez,
tudo depende muito do quão tranquila está minha vida para esta tarefa.
Espero que possa voltar.
É difícil não pensar sobre política atualmente, mas espero
que tenha expressado algumas concepções sobre o ódio.
Desistir não é só uma opção, mas sim o fim de todas as outras.
(Sem música, foi feito em um ambiente hostil onde os sons eram apenas pessoas exaltadas)