Quanto do
tempo é dedicado ao mistério?
Todos dizem
que o devagar é sério,
Mas não
explicam com argumentos reais,
Espero que
pausar as pessoas não dê resultados
banais.
Sei de
efeitos positivos, de não contar-lhe o que sinto,
Mas não
importa o que “role”, não quero o controle,
De te
impressionar com algo que não existe,
Utilizar
algo idealizado pode ser muito triste.
Se há
formula para a receita da vida,
Não compro
os ingredientes, nem leio as instruções,
Deixo que
até a ingenuidade me mostre a saída,
E nem ligo
de gostar de vários corações.
Acho que sei
que acho,
Que gosto de
você, mas não de cima abaixo,
Talvez
esteja com a idéia errada,
Mas tenho
certeza da minha maior defesa,
Não ligar
para nada.
Quem dera
poder te tocar lentamente,
Próximo do
seu ser com pouco gasto de energia,
Extrair de
você quase totalmente,
A energia
que resultaria da gente.
Não posso
distrair os estímulos ao meu redor,
Só queria te
dizer qualquer coisa sobre um erro anterior,
Que sempre
se repete, e não sei por que é reforçador,
Talvez seja
melhor falar de amar, e não de amor.
Tão irônico
romantizar o inefetivo,
Romantizar
minha própria covardia,
Deixar no
papel esta vida que eu não vivo,
Talvez eu
não queira ser feliz, quem diria!
Por alguns
momentos a percepção mal percebe,
Na velocidade
desta música, ou da mão que escreve,
Cada batida
some tão rápido quanto,
Suponho quem
seja você, mas ouço o que você descreve.
Em uma troca
de papéis, eu de você correria de mim,
As palavras
são sinceras não preciso de mistério,
No entanto
te garanto que nunca verá nada assim,
Onde te
deixar saber é grande parte do que eu quero.
Disse que
não há receita, mas sigo algo,
E por mais
confuso que pareça, há o que sempre trago,
Se não é
fumaça é algo que causa ainda mais estrago,
A vontade de
com tantas incertezas, manter alguém do meu lado.
Nos fazem
pensar que amar é ter “propriedade”,
Sequer
pensamos o que significa possuir,
Não me
admira o espanto da sociedade,
Com quem vai
por outro caminho, ou tenta sumir,
Sempre
espero, que estas varáveis não me impeçam de agir.
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Sociedade, preconceito, expectativas,
modelos e maneiras de existir. Muitos assuntos pra um poema tão compacto.
Gostaria de falar de como somos acostumados
a criar um mistério para os outros, e cremos tanto no nosso idealismo em
relação à outra pessoa (seria acreditar que as pessoas tem um mistério também),
mas não consegui falar nada disso no poema, então vai ficar no ar.
O fato é que faz algum tempo que estou
tentando viver sem criar nem esperar este tipo de coisa, afinal pra que criar
algo que não sou se um dia as pessoas vão necessariamente me conhecer de
verdade? Melhor gastar energia em coisas que posso ser.