quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mistério

Quanto do tempo é dedicado ao mistério?
Todos dizem que o devagar é sério,
Mas não explicam com argumentos reais,
Espero que pausar as pessoas  não dê resultados banais.

Sei de efeitos positivos, de não contar-lhe o que sinto,
Mas não importa o que “role”, não quero o controle,
De te impressionar com algo que não existe,
Utilizar algo idealizado pode ser muito triste.

Se há formula para a receita da vida,
Não compro os ingredientes, nem leio as instruções,
Deixo que até a ingenuidade me mostre a saída,
E nem ligo de gostar de vários corações.

Acho que sei que acho,
Que gosto de você, mas não de cima abaixo,
Talvez esteja com a idéia errada,
Mas tenho certeza da minha maior defesa,
Não ligar para nada.

Quem dera poder te tocar lentamente,
Próximo do seu ser com pouco gasto de energia,
Extrair de você quase totalmente,
A energia que resultaria da gente.

Não posso distrair os estímulos ao meu redor,
Só queria te dizer qualquer coisa sobre um erro anterior,
Que sempre se repete, e não sei por que é reforçador,
Talvez seja melhor falar de amar, e não de amor.

Tão irônico romantizar o inefetivo,
Romantizar minha própria covardia,
Deixar no papel esta vida que eu não vivo,
Talvez eu não queira ser feliz, quem diria!

Por alguns momentos a percepção mal percebe,
Na velocidade desta música, ou da mão que escreve,
Cada batida some tão rápido quanto,
Suponho quem seja você, mas ouço o que você descreve.

Em uma troca de papéis, eu de você correria de mim,
As palavras são sinceras não preciso de mistério,
No entanto te garanto que nunca verá nada assim,
Onde te deixar saber é grande parte do que eu quero.

Disse que não há receita, mas sigo algo,
E por mais confuso que pareça, há o que sempre trago,
Se não é fumaça é algo que causa ainda mais estrago,
A vontade de com tantas incertezas, manter alguém do meu lado.

Nos fazem pensar que amar é ter “propriedade”,
Sequer pensamos o que significa possuir,
Não me admira o espanto da sociedade,
Com quem vai por outro caminho, ou tenta sumir,
Sempre espero, que estas varáveis não me impeçam de agir.

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Sociedade, preconceito, expectativas, modelos e maneiras de existir. Muitos assuntos pra um poema tão compacto.
Gostaria de falar de como somos acostumados a criar um mistério para os outros, e cremos tanto no nosso idealismo em relação à outra pessoa (seria acreditar que as pessoas tem um mistério também), mas não consegui falar nada disso no poema, então vai ficar no ar.

O fato é que faz algum tempo que estou tentando viver sem criar nem esperar este tipo de coisa, afinal pra que criar algo que não sou se um dia as pessoas vão necessariamente me conhecer de verdade? Melhor gastar energia em coisas que posso ser.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Tristeza Lasciva

Observando de uma posição privilegiada,
Uma boca que não se importa se está fechada,
E com músculos relaxados fica claro,
Onde a energia do seu prazer está concentrada.

O salivar da sua boca me faz pensar que sou uma presa,
Um corpo que quer me devorar, e nisso há beleza,
E no morder dos seus lábios vou com surpresa,
Te gravar beijos para que você nunca esqueça.

É impossível não racionalizar, sinto enquanto penso,
Dentre milhares de estímulos, de fora, e dentro,
Adentro até onde é possível, com mil hipóteses,
No fim da noite acaba que sou um mero hóspede.

Não é preciso apelar para a seriedade,
A tristeza que me concentra nem aparece aqui,
Sinto que seu corpo está suficientemente de verdade,
Esperando a sinceridade de mais um sorrir.

Sem limites para cômodos ou incômodos,
O que delimita nossos esforços não são os ânimos,
Mas os sentidos que agregamos a todas estas situações,
Trocando corações e sorrisos durante estes anos.

Pouco é dito, mas muito é sentido,
Se palavras são erros, outros erros nós cometemos,
Como se não estivesse suficientemente perdido,
No meio de tudo ainda abro os olhos meio a seus cabelos.

Racionalizo os sentidos, mas pouco me importo com os meios e motivos,
Há o que viver, há o que pensar,
Não preciso dizer que é dar amor, ou amar,
Apenas uma maneira de confiar sem se por em perigo.

Gastaria mais energia em troca desta alegria,
Fisicamente porém, há limites intransponíveis,
Pouco fôlego nos pulmões, e barreiras de dopamina,
E conteúdos sobre você, que ainda são invisíveis.

Vou dar risada da ironia que eu mesmo proponho,
Uma música com tom de tristeza,
Me desculpe, mas preciso entender que não é um sonho,
E que lá fora ainda há muita incerteza.

Esquentando o frio do coração e do corpo,
Divagamos sobre o passar do tempo e afins,
E assim enfim, se “passa” mais um tempo,
Em que experimentamos como é compartilhar com outro.

O tempo nem existe, mas vou dizer que ele é pouco.

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Sobre o tempo: Para a física quântica o tempo não existe como força fundamental da natureza (Gravidade, eletromagnetismo, força nuclear fraca e força nuclear forte), e sim como um continuum.
O tempo não passa, o tempo continua, e enquanto planejamos um futuro que não existe, relembramos um passado que não vai voltar, esquecemos do nosso presente e deixamos de gastar energia com algo que mais se aproxima da nossa realidade: o tempo é agora enquanto vivemos, não haverá nada mais além disso.
Não é pra ser um discurso com falta de fé, mas até pensando pela física, nos aproximamos da realidade ao viver o “presente”, deixando de nos apegarmos a ilusões demais...vamos viver!

“A distinção entre passado, presente e futuro é só uma ilusão, ainda que persistente...” Albert Einstein – em uma carta para a família de seu falecido amigo Michele Besso no ano de 1955.

Referências

Einstein, Albert, Letter to Michele Besso's Family. Ref. Bernstein, Jeremy., A Critic at Large: Besso. The New Yorker (1989).

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Dor de Cada Gota

Mais pesadas que o ar, são as gotas que caem,
Enquanto sem motivos vou viver pela chuva,
Perdendo energia, minhas alegrias se esvaem,
Meu corpo se defende da água, minha pele se enruga.

Algo na baixa temperatura faz o humor deprimido,
Enquanto dirijo sem enxergar à frente,
Me lembro de meus momentos sozinho,
E em como haviam mal entendidos entre a gente.

Me desgasta pensar que gosto deste clima,
Não é a necessidade de manter o humor para “cima”,
Sou cônscio da necessidade da realidade,
Que por vezes só vem com uma triste verdade.

Mas preciso me separar, assim como fiz e faço,
Não há mais tempo para confundir o prazer de um abraço,
Com o parasitismo que acontece em certos laços,
Não deposite em mim, o que você descarrega no seu vaso.

Relações podem ser independentes, mas também simbióticas,
Não no sentido de dependência, mas no sentido de troca,
Dois seres independentes que por querer se encontram,
E ao olhar para o resultado, ambos o aprovam.

Não me entristeço por me lembrar de você em um tempo chuvoso,
Não me arrependo de ter ficado bem mais nervoso,
Do amor que houve, nunca precisarei negar sequer uma gota,
E os poemas jamais foram escritos, para impressionar qualquer garota.

Não é questão de fé, nem questão de crer,
Meus defeitos e qualidades estão todos aqui,
Sempre houveram portas abertas, para entrar e ver,
Foi uma pena meu sorrir, não te fazer sorrir.

Como a chuva cessando vagarosamente,
Temos cada vez menos o que dar valor no mundo,
Mantenho próximo de mim o que quiser passar para frente,
Enquanto você me silencia, por considerar tudo absurdo.

Prossigo significando palavras, cada vez mais profundo,
Nunca foi preciso plantar árvores, só para colher os frutos,
E a chuva de ontem que me entristece e cerca,
Nutre a terra para o florescer de um novo mundo.

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Sempre tive para mim que não faz sentido seguir uma filosofia, ou expor ao mundo que se segue ou se faz algo sem que se tenha os olhos abertos para novas ideias, de forma que para certos tipos de discurso não é tão importante ideias “pouco trabalhadas”, ou “insights” que se mantém por si só, por fazerem sentido subjetivo e não por terem sido verificados empiricamente, para ai sim com fatos e dados podermos tentar descrever melhor uma realidade entre mais de duas pessoa.
E eu fico pensando: o quanto estamos dispostos a engolir nossos defeitos, a nos aceitar como seres em contínuo desenvolvimento (imperfeitos), para ouvir uma idéia alheia, ou procurar entender o próximo?



quinta-feira, 26 de maio de 2016

Sem Tempo Para o Meu Tempo


Pouco tempo para pensar, pouco tempo para sair,
E a gente brinca com esse pouco tempo para agir,
Pouco tempo para mim, pouco tempo para você,
E ninguém lembra como chegamos aqui.

O começo de fato de não importa,
Mas é engraçado como a gente se comporta,
De fato há pouco o que se discutir,
Dos erros só há a chance de sorrir.

Talvez eu não me lembre de nada, nem é por esquecer,
Mas coisas boas não se encaixam em pouco,
Pouco tempo pra ouvir você,
Mas suficiente pra ver você se render.

Mesmo que a razão não esteja me guiando,
Sinto seu gosto nas partes por onde ando,
Enquanto corro, no entanto,
Você me diz que não mostra seu pranto.

Não quero saber das explicações, dos motivos,
Nem tampouco trago amarras, cercas e objetivos,
Só posso oferecer olhos nos olhos,
Sinceridade e outro sentimento para “amigo”.

Daqui só irá sair mais imprevisibilidade,
Muito gasto de energia e com certeza saudade,
Pode parecer que querer pausar quem corre é ambiguidade,
Mas às vezes só os detalhes mostram as coisas de verdade.

Não posso deixar de pensar no que sei,
Há limites controladores ao alcance de nós,
E eu sei controlar, mas não quero poder,
A idéia é sempre te mostrar que há um “após”.

Nas poucas horas de qualquer pensamento simples,
Acontecem coisas demais, não acompanharei,
E se prestar atenção é perder o que existe,
Por enquanto sou desatento, foi assim que aqui cheguei.

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Se esse poema fosse uma pintura, estaria em degradê com duas cores, cada uma com um humor e pensamento.




quinta-feira, 19 de maio de 2016

Contato Estático 2

O contato deste abraço, não denuncia minha vontade, nem a sacia,
Seu olhar me controla e me liberta, sua cama está vazia,
Fico parado atrás desta linha, que eu digo ser respeito,
Será um problema meu, se algo der errado neste momento.

Há tanta completude e possibilidade, neste mesmo espaço apertado,
Que sequer sei os movimentos corretos pra acabar do seu lado,
Sou pego na própria surpresa de uma situação imprevisível,
A todo o momento imaginando que só quem quer isto sou eu.

Revejo milhões de concepções por segundo,
Mas nenhum pensamento irá me trazer pro seu mundo,
O que há, é o que criamos e tornamos real,
E eu fico mais uma vez, sem conhecer sua temperatura basal.

Eu coloco uma música animada pra pensar em você,
Como se eu precisasse de mais dopamina pra te descrever,
Misturando confusão neste álcool, nem sei ir até “ai”,
Nada acontece e a gente sabe que vai terminar assim.

Com tantos pensamentos pessimistas, acabo mudando as premissas,
Relações que dão certo, pra mim são quando as pessoas são ouvidas,
Nem sempre faz sentido, estar com quem está na “minha”,
Mas faço as escolhas, que me exigem menor gasto de energia.

Com você menos em foco, e meu coração “in loco”,
Contradigo-me ao ter que me distrair para não agir,
Ser mal interpretado aqui é um fardo,
Enquanto que só gostaria de ter o seu abraço.

A liberdade é privada quando pressupomos algo,
Se ao afirmar meu afeto, me coloco em trilho com destino certo,
Qual a novidade em querer algo novo de verdade?
Isto tudo enquanto sabemos que cada um tem sua subjetividade.

Enfim, vou usar o enfim porque algumas coisas fizeram sentido para mim,
Se há coragem suficiente para entender que nem tudo é aparente,
Há possibilidade de se relacionar com pessoas de algo simples a complexo,
E que não há sentido na vida, mas somos nós que fazemos o nexo.

Observo aqui ao alcance das mãos, um mundo que não conheço,
E fico aqui tentando decifrar, eu vejo, e transcrevo,
Mas há demais, beleza, calmaria, sorrisos e simpatia,
E proponho companhia, pra você sozinha, nesta sala vazia.

O fato é que todos esperam que alguém ultrapasse a linha,
E continuo dizendo verdades enquanto você se esquiva,
Não quero regras, pra te trazer pra um beijo, e pra fazer o que espero,
Minha condição é simples, que você saiba o que eu quero.

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Acabei de perceber como o final do poema é difícil de escrever com “efeito”, principalmente quando é algo que já passou. Mesmo que eu tente escrever o mais próximo possível do evento que me inspira, nem sempre é possível lembrar exatamente das sensações, talvez por isso ouvir música ajuda, se houvesse música sempre, provavelmente nossas m

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Fumaça das Manhãs

Já provei do mesmo gosto, até com um parecido rosto,
Uma fórmula que já vi dar errado e causar explosão,
Alguém que não se importa, mas convive com o outro,
E mesmo não parecendo, compartilha seu coração.

No primeiro caso fui afetado mesmo desconfiado,
Sentado ao lado, aquele cheiro de perfume com cigarro,
Um pouco de irresponsabilidade, e um desconcentrado tato,
O fim era simples, e somente um fato.

Tanto na ideia de um encontro combinado,
Quanto na complexidade de olhar nos seus olhos ao seu lado,
Era de comum acordo entre nós, como tudo era falso,
Mesmo que com toda a sinceridade fosse compartilhado.

Não havia discussão entre as partes, não havia errado,
Mesmo que não exista “verdade”, era tudo muito complicado,
Ninguém queria se ferir, ninguém queria ser perdoado,
E desta relação, nos tornamos escravos.

Como se fosse uma “contingência da vida”, a história se repete,
Vícios diferentes, mas vícios; de alguma loucura, muitos resquícios,
O cansaço, limitando até onde a gente “cresce”.
E há muito que dizer, mas só assisto tudo isso.

Mesmo que haja pouco tabaco, e seja moderado o álcool,
Há algo tão prejudicial quanto, e até me perco na descrição,
Dentro deste turbilhão até sinto o estrago,
Mas não tenho a mínima chance, de trazer uma explicação.

E dentre as diversas frases e confissões trocadas,
Passamos longe de dizer que as pessoas estão erradas,
Um pouco de misticismo pra “ver onde não existe”,
Continuando para esquecer que estamos tristes.

Não houveram promessas entre as partes,
Sem contratos, sem certezas,
Mas haviam confissões, machucados estanques,
Sem medo de se expor com clareza.

Algo tão importante quanto a segurança da “confiança”,
Surgindo meio a um mar de desesperança,
Tão volátil quanto éter, relembrávamos sempre,
De que não seria pra sempre, nem por isso deixávamos de seguir em frente.

Gostaria de ter ouvido que estava sempre certo,
Mas do refrão desta música só sobrou gritar a dor,
Tinha certeza de que estar sempre perto,
Me traria pouco prazer mas muito torpor.

Me lembro tão facilmente, que o perfume é claro,
Tantas sensações, tantos momentos raros,
A vida segue dentre estas evoluções que são de praxe,
E aqui vou lembrando, de mim, sei de onde saiu cada parte.

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Trilha Sonora que usei: Nirvana - You Know You're Right
Trilha Sonora que indico: Cradle of Filth - Nymphetamine 

Se o rio nunca é o mesmo a cada segundo, pois suas águas mudam, estas mesmas nos lembram sempre das que passaram.
Não era para falar de repetição, mas eu dificilmente me esqueço de  quando aprendo algo ou passo por alguma situação muito importante sentimentalmente, acabei escrevendo sobre um passado que já posso chamar de muito distante, como a nostalgia de uma fotografia, posso manter contato com pessoas que me formaram.

Já falei muito deste assunto, que nos meios de conversa que eu participo ainda é um pouco polêmico; o contato com pessoas com quem já nos envolvemos em algum tipo de relacionamento. Minha opinião anterior a chegar neste assunto, é que devemos ter a capacidade de sermos sinceros quanto aos efeitos negativos que causamos nos outros, e tentarmos também não ser egoístas ao manter contatos com pessoas de forma parasitária. Bom,melhor continuar este assunto num próximo post com o mesmo tema.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

O Corpo Beija

Sem categorizar ou me atentar a qualquer “tipo”,
Há certa demanda, preciso dizer o que sinto,
Não será efetivo, mesmo assim eu falo,
Sobre sentidos que dou, sobre algo que dificilmente será explicado.

Não me importa se o Ser Humano de fato,
Desenvolveu todo seu “aparato”, sentir perfume não só com o olfato,
Mas significar, imaginar, e outras coisas da “mente”,
Não me importa, mas nem tudo que se sente é aparente.

Há pessoas, corpos, mentes e bocas,
Cada um de uma forma muito particular,
Há muitas coisas dentro das vidas, debaixo das roupas,
E existe uma pequena chance, de se surpreender ao provar.

Passo longe de um catálogo ou estudioso aficionado,
É mais fácil dizer, que trago sentidos e palavras,
Sem muitos motivos por vezes, mas sempre apaixonado,
Por troca de existências e demasiadas risadas.

Sabemos via de regra como viver minimamente,
Talvez até saibamos que não sabemos de nada,
Isto não tira o mistério, de ter alguém a sua frente,
Que te remeta a um velho conceito, porém em nova página.

O olhar não só capta estímulos, pode transmitir,
Obviamente a boca que beija, é a mesma que sorri,
As mãos que afagam, querem sua essência extrair,
Tudo rápido demais, e acontece aqui.

Que seja o conjunto, de qualquer coisa, de tudo,
A boca auxiliada por movimentos do corpo,
Parece que tudo ressoa, melodia equilibrada,
Não é só uma boca que beija, mas um corpo que se entrega.

De modo incomum, mas jamais perturbador,
Uma equação resolvida, o desabrochar de uma flor,
Há tanto sentido  que parece ser óbvio,
O observador é o ator, quase completamente atônito.

Há energia aparente neste contato,
Como energia cinética potencial gravitacional,
Uma maçã dependurada, que cairá até o solo,
Um beijo calmo, esperando ser fenomenal.

Como se houvesse uma completude próxima,
Que só utiliza a boca para uma breve demonstração,
De que o corpo todo se comunica e gosta,
De ter outra existência, em sua boca e entre as mãos.

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Algumas semanas atrás eu estava entre amigos discutindo sobre o que seria a consciência em termos comportamentais, chegamos à conclusão de que é possível que a “consciência” seja o controle do ser sobre a maior parte, ou os principais estímulos que recebe, e os que são necessários para eliciar comportamentos desejados.
E o que isto tem a ver com este poema? Tudo. Geralmente nos acostumamos a desenvolver nossos sentidos da forma que nos ensinam, e talvez isso seja um fator que limite a transformação ou a utilização destes de outra forma, tem muito de ideal e poético neste comentário, mas já faz muito tempo que não uso meus sentidos de forma comum, há muito mais por aí para se captar das coisas boas que vivemos, basta desacelerar e sentir cada parte, cada estímulo, e em como isto tudo junto pode formar, ou forma algo prazeroso.


PS: A partir deste post vou colocar o título do poema no título da postagem. Fazia diferente porque a ideia original do blog sempre foi postar um poema e escrever, mas isto não está fazendo muito sentido pra mim atualmente, fora que me dá mais o trabalho de pensar em dois títulos (pensar em um já é suficientemente difícil).

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Contato Estático

Enquanto divagamos sobre complexas questões metodológicas,
Me pego estudando em sequência, da sua boca à sua roupa,
Há problemas não tão simples como a chuva lá fora,
Como manter intacta a distância em que a gente se encontra.

Se fosse tão simples como compreender ambiguidades,
Não haveria interesse neste olhar, mas eu me foco,
E dentre teorias monistas e dualistas,
Só quero saber como diminuir distâncias entre corpos.

Há tanto a dizer, mas cada segundo de atenção é importante,
Apelando para a física, quero discutir a realidade,
Enquanto que a minha, se encontra em um assunto à parte,
Veja a ironia, nunca houve segredo sobre minha vontade.

Digo que há exagero, explicações demais,
Que deveríamos falar menos, seguir as decisões tomadas,
Mas me vejo sentado, escrevendo sobre o que ficou pra trás,
E pensando sobre atitudes mal interpretadas.

Na tentativa de soluções não aparentes, para problemas recorrentes,
Me pego estudando a fisionomia que estava à minha frente,
Acreditando que a vida pode ser sem mistério, sem mentira,
Tão boa quanto as sensações, que do contato entre duas pessoas se cria.

O mistério é não saber o resultado desta equação,
Podemos criar hipóteses, realizar experimentos,
Felizmente não é só decifrar um coração,
Não só pensar em sentimentos, mas só há ciência em certos momentos.

E enquanto houverem ideias excessivas,
Tudo se moverá tão engraçado quanto uma discussão sem sentido,
Transformando em algo estático, o que chamamos de “vida”,
E o sorriso fica perdido, em algum canto escondido, esperando ser vivido.

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Parece que as últimas coisas que escrevi se referem quase à mesma coisa, um tema parecido de qualquer forma. A incerteza é algo atual, poderia apelar para a sociologia mas seria demais para uma nota de rodapé, o importante é que não foi até agora necessário utilizar a palavra “fé”, sempre tive ciência das incertezas e possibilidades, não houve mais medo em mim após o momento em que consegui olhar nos olhos deste “monstro”.
A vida é incerta, tudo pode ser bom como ruim, mas há mais chance de controlarmos nossas escolhas e aumentar a probabilidade de acontecimentos positivos, é isto que acredito atualmente.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Refletindo o "passado"



O Passado no Espelho

Sua imagem no espelho te mostra um pouco do passado,
Um reflexo com menos de um segundo de atraso,
Utilizamos este momento para sonhar um futuro,
Este pode, não ser só um tiro no escuro.

Não é por ser só um reflexo,
Que não refletimos sobre o nexo,
De sorrisos e lágrimas, alegrias e lastimas.

Querer mais não é pecado, e quem disse que pecar é errado?
Algumas vezes na vida há oportunidade,
De ver quem “está” ao nosso lado,
E também de quem “está” de verdade.

Envolver-se com outra existência,
Conhecer fora da aparência,
Há diferenças entre pular em um lago ou mar.
Somos nós que escolhemos a profundidade que iremos nadar.

Não parei para conceituar o que virá,
Não sei, nem quero, nem espero, e daí?
Não me importa como tudo está,
Sei que não quero “qualquer um” aqui.

E em relações diferentes e surpreendentes,
Vivo cada vez mais entre pessoas aparentes,
É interessante ver como as pessoas sentem,
Vivem, se defendem, dão risada ou mentem.

Estar preparado para o incerto de modo correto,
Viver escolhendo sem escolher entre mil opções,
Há sempre vários caminhões, vários corações,
Tão dissonante como o modo de origem dos furacões.

Não há maneira de ter ciência,
Do que ainda não aconteceu,
Mas há como olhar no espelho,
E não arrepender-se do que viveu.

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Sempre que tiro férias digo a mim mesmo que vou resolver as pendências do momento, se for pra colocar em porcentagem aproveitei alguns dias para fazer 30% do que deveria, escrever e postar no blog foi algo que não fiz, não tirei nem tempo para revisar algo que já está escrito e manter a frequência de atualização, mas bom, agora tanto faz.
Acho que este post até faz algum sentido sobre o que passo no momento, mesmo que tenha sido uma ideia roubada de um escrito de uma amiga, hahahaha.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Complexidade das Amizades

Não é por ser reforçado que é necessário,
Dentro deste grupo de modo estacionário,
Qualquer  pessoa ou momento flagrante,
É suficiente pra tornar tudo importante.

Nem buscas ou adjetivos, às vezes são só sorrisos,
E continuo me perguntando, porque separamos amores de amigos,
O tempo pensando faz passar o tempo de vida,
Realmente não há sentido em uma felicidade "sozinha".

E a felicidade conjunta parece não ser "minha",
Dizendo a mim mesmo que é este egoísmo,
Que penetra minhas narinas,
Como aroma em forma de vício.

Só pra negar o "romantismo barato",
Não preciso falar do que é abstrato,
Digo que vejo você, vejo vocês,
E meu amor é querer tudo outra vez.

Uma situação inesperada me testa a capacidade,
De confiar no alheio e controlar a ansiedade,
Sorrisos podem vir de algo difuso,
Um pouco de alegria por sentir tudo confuso.

Já disse, escrever de coisas boas é fácil,
Me desafio hoje a inventar novos laços,
Entre sorrisos, abraços, beijos ou orgasmos,
Nunca foi necessário deixar nada disso de lado.

Mais uma situação com sutileza excessiva,
Seria fácil demais dizer que é só covardia,
Porém os passos são cantados, expostos e exclamados,
Meus reforços positivos estão sempre do meu lado.

Há diversas concepções, olhares, corações,
Unimos tudo bem rápido, com algumas canções,
Vivendo diversas situações com muitos talvez,
E eu continuo aqui perto de todos vocês.

29/03/16


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É engraçado que enquanto vamos nos desenvolvendo mudamos nossas concepções sobre as pessoas e sobre as situações, e nem sempre é possível divagar ao mundo sobre um insight qualquer...
Parece simples, ou papo de gente que pensa demais, mas o que escrevi neste poema me fez viver uma situação em que me encontrei expondo uma idéia "nova", em uma situação errada.
Agora consigo pensar em duas situações: 1-Ter paciência e esperança de que as pessoas possam compreender certos pensamentos. 2-Ter paciência e esperança de que eu encontre mais pessoas com quem possa compartilhar estes pensamentos.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Controle

Quem detém o controle contém a liberdade,
Ser dono do poder lhe tira a vantagem,
De ser sempre melhor, ou diferente, experiente,
O controle guia, mas ceifa tudo à sua frente.

A segurança do controle se perde fácil,
Quando você abre os olhos e vê que o mundo é ágil,
Como cruzar o sinal vermelho, você sabe o que o controle faz,
Respirando por alguns segundos, é esta mesmo a sua paz?

Posso te controlar sem exigir passividade,
Sem orgasmo ou beijo, posso deixar saudade,
Enquanto o controle te lembra intensidade,
Só te olho nos olhos, com a boca te devorando de verdade.

Um tempo pensando no tempo, às vezes é necessário,
Cada parte de você, pode ser um relicário,
Conjunto de tecidos de você, às vezes lentamente,
São re-descobertos sempre de maneira diferente.

Não creio que seja dentro de uma gaiola,
Que a vida te fará sorrir,
Há mais planícies e flores lá fora,
E o controle vai te limitar, te prender aqui.

De qualquer maneira não há motivo para resenha,
Dissertando sobre o controle te faço refém,
Tentando achar algo que te detenha,
A deixar que meu controle te controle também.

28/03/16 - 20:10
___

O poder, o controle, são temas complicados, complexos e muitas vezes demasiadamente chatos.
É interessante pensar sobre o controle nas situações em que podemos vivenciá-lo, seja em exercício ou em estímulo.
Não vou gastar linhas pra dizer que o controle acontece independente da nossa vontade, essa é uma questão de liberdade na filosofia do Behaviorismo Radical, não é momento pra falar disso.
Mas o controle está ai, independente da sua vontade, independente da sua bondade, você controla e é controlado, e pelas contingências, modifica e é modificado.

That's All Folks!

terça-feira, 15 de março de 2016

Retratando Tentativas

Dedicado Exagerado

Você me inspira e nem sabe o quanto,
Mas tanto faz cara, imagina o pranto,
Que já tivemos que deixar por ai,
Hoje em dia, a gente vive assim.

Mas olha, tenho medo de altura,
Mergulharia tranquilo nesta piscina,
De intensidade com traços de loucura,
E a gente vive uma vida que alucina.

Olha só como vou te escrever,
Rimando com poucos "ar e er",
Porque o bonito é o díficil,
Retirando da linguagem todo o vício.

É com tanta força que "sinto" contigo,
Que me deixo ser humano, ser amigo,
E amigo não é uma palavra que eu consigo,
Usar pra nós, é pouco, e isso é lindo.

Acostumado a sentir com calma qualquer "alma",
Me pego com medo, talvez pouco prevenido,
E você aqui nessa casa sem sala,
Me dizendo onde sente arrepio.

Sente o tom deste escrito, é rápido e direto,
É a preocupação minha em ser correto,
Com um pouco de medo do incerto,
Mas ao final, ainda dirá que sou esperto.

No momento talvez, me encontro em dissonância,
Entre amor e ódio, não posso dar passos mas ando,
Não vejo, não há aparência (mas muita distância),
De propósito, uma frase que rima com eu te amo,
Já disse, é fácil escrever, é como fazer um plano,
Em cinco minutos penso no que aconteceria em um ano.

A palavra "romântico", tinha um significado diferente,
Agora troco as palavras por um amor aparente,
Que pra mim é mais difícil do que dizer que estou,
Em distância segura, pra acalmar meu coração.

Sempre foi possível transformar em palavras, sentimentos bons,
Agora trago pra realidade quem eu acho que sou,
O que guardo é o reforço que sinto para viver, vindo de você.

Rimar pra mim só é bonito quando é possível,
Dizer que palavras não descrevem o visível (e invisível),
Que são mera tentativa de descrever a sensação,
De milhões de sinapses dopaminérgicas, e o acelerar de um coração.

__

A impressão que tenho quando "sinto" algo que sei que poderia escrever, é que se fosse pra colocar em palavras tudo o que vivo, só escreveria e não iria aproveitar a situação em si.
Mas como provavelmente já disse, algumas coisas tem que ser escritas, não são retratos de alegria, são tentativas, sempre tentativas, e é ai que está a beleza.












terça-feira, 8 de março de 2016

Pura Física Quântica



 Além do que se vê

Posso  escrever aqui só pra te obrigar,
Mas na verdade é só uma outra linguagem pra amar,
Amar o que eu nem sei o que é,
olha a moça no cinema, passando creme no pé.

Nem há desafio em escrever sobre você,
Não há novidade em escrever sobre coisas boas que se vê,
Mas vou voltar ao assunto principal,
Vou tentar te contar algo, sem imaginar um final.

Já pensou que essa morena, eu podia dizer que é pequena,
Mas na minha cabeça tamanho não é igual,
Ao que se guarda no coração, não é normal,
Dizer-te então, que me despeço somente com um "tchau",

Mas de fato, se peco é na vontade, de ter um amor de verdade,
Verdade que eu não digo que amo, nem quero,
Mas sinto saudade, e espero,
Que queria falar sobre a física, sobre a realidade.

Mudei o assunto da poesia, pra me esquivar,
De covarde que sou, pra deixar você me analisar,
Mas mesmo que eu escreva dezenas de palavras,
Não há nada, serão só metáforas.

O que dá pra dizer com racionalidade,
É que além da saudade, vai ficar uma vontade,
De ter a possibilidade, de ser alguém de verdade,
Que tire o pódio em qualquer qualidade.

E mesmo sem qualidade, eu afirmo uma amizade,
Que só me lembra bipolaridade,
De uma zueira sem limites definidos,
Tentando amenizar estes ruídos.

Tenho medo e me arrepio, de pensar neste filme,
Que por pouco tempo tive a oportunidade de assistir,
Não consegui ter posição firme!
Eu gosto muito de ver você sorrir.

Agora volto para a realidade de uma vida atrasada em horário,
Em que divido minha consideração, sem nenhum honorário,
Não passo ponto pra te encontrar,
Mas fico sentado na linha de te amar.

Só não digo, mas sou só um amigo,
Que é "esperto" demais para não virar inimigo,
E enquanto a gente não puder crescer demais,
Só sorri, só olha pra trás, seu instinto, te satisfaz.

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Seria fácil demais escrever esse post-poem, e de fato como estou ouvindo Los Hermanos, não quero nem perder tempo pra romantizar ou racionalizar o post. É só isso que está ai, só o que pude dizer, esse é meu romantismo.