quinta-feira, 12 de maio de 2016

Fumaça das Manhãs

Já provei do mesmo gosto, até com um parecido rosto,
Uma fórmula que já vi dar errado e causar explosão,
Alguém que não se importa, mas convive com o outro,
E mesmo não parecendo, compartilha seu coração.

No primeiro caso fui afetado mesmo desconfiado,
Sentado ao lado, aquele cheiro de perfume com cigarro,
Um pouco de irresponsabilidade, e um desconcentrado tato,
O fim era simples, e somente um fato.

Tanto na ideia de um encontro combinado,
Quanto na complexidade de olhar nos seus olhos ao seu lado,
Era de comum acordo entre nós, como tudo era falso,
Mesmo que com toda a sinceridade fosse compartilhado.

Não havia discussão entre as partes, não havia errado,
Mesmo que não exista “verdade”, era tudo muito complicado,
Ninguém queria se ferir, ninguém queria ser perdoado,
E desta relação, nos tornamos escravos.

Como se fosse uma “contingência da vida”, a história se repete,
Vícios diferentes, mas vícios; de alguma loucura, muitos resquícios,
O cansaço, limitando até onde a gente “cresce”.
E há muito que dizer, mas só assisto tudo isso.

Mesmo que haja pouco tabaco, e seja moderado o álcool,
Há algo tão prejudicial quanto, e até me perco na descrição,
Dentro deste turbilhão até sinto o estrago,
Mas não tenho a mínima chance, de trazer uma explicação.

E dentre as diversas frases e confissões trocadas,
Passamos longe de dizer que as pessoas estão erradas,
Um pouco de misticismo pra “ver onde não existe”,
Continuando para esquecer que estamos tristes.

Não houveram promessas entre as partes,
Sem contratos, sem certezas,
Mas haviam confissões, machucados estanques,
Sem medo de se expor com clareza.

Algo tão importante quanto a segurança da “confiança”,
Surgindo meio a um mar de desesperança,
Tão volátil quanto éter, relembrávamos sempre,
De que não seria pra sempre, nem por isso deixávamos de seguir em frente.

Gostaria de ter ouvido que estava sempre certo,
Mas do refrão desta música só sobrou gritar a dor,
Tinha certeza de que estar sempre perto,
Me traria pouco prazer mas muito torpor.

Me lembro tão facilmente, que o perfume é claro,
Tantas sensações, tantos momentos raros,
A vida segue dentre estas evoluções que são de praxe,
E aqui vou lembrando, de mim, sei de onde saiu cada parte.

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Trilha Sonora que usei: Nirvana - You Know You're Right
Trilha Sonora que indico: Cradle of Filth - Nymphetamine 

Se o rio nunca é o mesmo a cada segundo, pois suas águas mudam, estas mesmas nos lembram sempre das que passaram.
Não era para falar de repetição, mas eu dificilmente me esqueço de  quando aprendo algo ou passo por alguma situação muito importante sentimentalmente, acabei escrevendo sobre um passado que já posso chamar de muito distante, como a nostalgia de uma fotografia, posso manter contato com pessoas que me formaram.

Já falei muito deste assunto, que nos meios de conversa que eu participo ainda é um pouco polêmico; o contato com pessoas com quem já nos envolvemos em algum tipo de relacionamento. Minha opinião anterior a chegar neste assunto, é que devemos ter a capacidade de sermos sinceros quanto aos efeitos negativos que causamos nos outros, e tentarmos também não ser egoístas ao manter contatos com pessoas de forma parasitária. Bom,melhor continuar este assunto num próximo post com o mesmo tema.

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