Observando de uma posição
privilegiada,
Uma boca que não se importa se está
fechada,
E com músculos relaxados fica claro,
Onde a energia do seu prazer está
concentrada.
O salivar da sua boca me faz pensar
que sou uma presa,
Um corpo que quer me devorar, e nisso
há beleza,
E no morder dos seus lábios vou com
surpresa,
Te gravar beijos para que você nunca
esqueça.
É impossível não racionalizar, sinto
enquanto penso,
Dentre milhares de estímulos, de
fora, e dentro,
Adentro até onde é possível, com mil
hipóteses,
No fim da noite acaba que sou um mero
hóspede.
Não é preciso apelar para a
seriedade,
A tristeza que me concentra nem
aparece aqui,
Sinto que seu corpo está
suficientemente de verdade,
Esperando a sinceridade de mais um
sorrir.
Sem limites para cômodos ou
incômodos,
O que delimita nossos esforços não
são os ânimos,
Mas os sentidos que agregamos a todas
estas situações,
Trocando corações e sorrisos durante
estes anos.
Pouco é dito, mas muito é sentido,
Se palavras são erros, outros erros
nós cometemos,
Como se não estivesse suficientemente
perdido,
No meio de tudo ainda abro os olhos
meio a seus cabelos.
Racionalizo os sentidos, mas pouco me
importo com os meios e motivos,
Há o que viver, há o que pensar,
Não preciso dizer que é dar amor, ou
amar,
Apenas uma maneira de confiar sem se
por em perigo.
Gastaria mais energia em troca desta
alegria,
Fisicamente porém, há limites
intransponíveis,
Pouco fôlego nos pulmões, e barreiras
de dopamina,
E conteúdos sobre você, que ainda são
invisíveis.
Vou dar risada da ironia que eu mesmo
proponho,
Uma música com tom de tristeza,
Me desculpe, mas preciso entender que
não é um sonho,
E que lá fora ainda há muita
incerteza.
Esquentando o frio do coração e do
corpo,
Divagamos sobre o passar do tempo e
afins,
E assim enfim, se “passa” mais um
tempo,
Em que experimentamos como é
compartilhar com outro.
O tempo nem existe, mas vou dizer que
ele é pouco.
__
Sobre o tempo: Para a física quântica o tempo não existe como força
fundamental da natureza (Gravidade, eletromagnetismo, força nuclear fraca e
força nuclear forte), e sim como um continuum.
O tempo não passa, o tempo continua, e enquanto planejamos um futuro que
não existe, relembramos um passado que não vai voltar, esquecemos do nosso
presente e deixamos de gastar energia com algo que mais se aproxima da nossa
realidade: o tempo é agora enquanto vivemos, não haverá nada mais além disso.
Não é pra ser um discurso com falta de fé, mas até pensando pela física,
nos aproximamos da realidade ao viver o “presente”, deixando de nos apegarmos a
ilusões demais...vamos viver!
“A distinção entre passado, presente e futuro é só uma ilusão, ainda que
persistente...” Albert Einstein – em uma carta para a família de seu falecido
amigo Michele Besso no ano de 1955.
Referências
Einstein, Albert, Letter
to Michele Besso's Family. Ref. Bernstein, Jeremy., A Critic at Large: Besso. The New Yorker (1989).
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